sobre a nova ortografia levanta-se novo acesso febril. agora
aproveitando o alargamento do período de transição (e não de suspensão ou
adiamento da vigência do Acordo), por parte do governo brasileiro ou, se calhar
também, pela mudança de secretário de Estado da Cultura. vá lá o diabo saber ao
certo. o certo é que a elite parola portuguesa não para de lutar contra o
interesse nacional e contra o interesse da Língua Portuguesa no mundo.
as contas são boas de fazer. somos 240 milhões de falantes e
escreventes da Língua. mas só os brasileiros são 180 milhões. quer dizer, o
Brasil representa 3/4 da Língua, nós e os restantes, 1/4 (e deste 1/4,
como é sabido, nem todos são bem-bem lusofalantes e muito menos bem-bem
lusoescreventes).
é bom de ver que, no caso de não harmonizarmos as nossas
normas escritas, se não houver uma norma comum, sempre que a nível
internacional se tenha de escrever em Língua Portuguesa a norma utilizada será
a brasileira. isso já se verifica em documentos da própria União Europeia.
como é bom de ver, o Brasil não precisa de nós para nada.
nós é que precisamos que o Brasil adira a um Acordo connosco. caso contrário,
ficaremos dependentes da norma brasileira. e é muito bem feito.
mas a estupidez da elite parola portuguesa não chega lá.
prefere ser autocontemplativa, autossuficiente e pequenina.
e pior: a elite parola já não argumenta, já não dá razões.
diz que a nova ortografia é "desconchavada", "pessimamente fundada"
e "inútil". a elite parola é assim: decreta e já está. politicamente
correta, estúpida e gravemente daninha para o País e para a Língua
Portuguesa.
gente fina é outra coisa...
que deus vos perdoe.
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PS: o que estamos a assistir é a uma rivalidade Angola-Brasil, que
teríamos obrigação histórica de apaziguar e resolver, no superior interesse da
Língua e da Cultura Portuguesas. pelo meio, metem-se uns pequenos interesses
editoriais e umas pequenas vaidades intelectuais com medo que o Brasil os coma,
em lugar de verem no Brasil uma enorme oportunidade de expansão. enfim, a
inteligência é um bem escasso...
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