domingo, 18 de agosto de 2013

crueldade e ideias peregrinas

1- não sei de onde veio a ideia peregrina de tentar implantar a tourada em Viana do Castelo. não por ser Viana do Castelo. podia ser Ponte da Barca, Melgaço, Lamego, Fafe, Cinfães, Castelo de Paiva, Cabeceiras de Basto, Amarante. até em Torre de Dona Chama ou Macedo de Cavaleiros. a tourada não pertence aqui. não tem raízes nem tradição. é filha de um antigo culto do touro que não teve qualquer implantação no território galego-português. normalmente, as tentativas de implantar a tourada nesta região (Galiza e Portugal) ficam-se por aí, tentativas que rapidamente caem no vazio e pronto. a simples necessidade de montar "praças de touros" móveis é a prova de que não existe tradição nenhuma, quer dizer, mercado, como agora se diz. e se com essa ideia luminosa queriam captar o "mercado galego", só prova que não percebem nada da coisa. o "mercado galego" é igual ao "mercado de Entre Douro-e-Minho": nulo.
meteu-se ao barulho a "defesa dos direitos dos animais". a coisa não tem nada que ver com a "defesa dos direitos dos animais". tem a ver simplesmente com o não uso do tema. há quem não perceba isto e pense que se pode impor o culto de Santo António, de São Julião ou de São Bento da Porta Aberta numa cidade muçulmana ou hinduísta ou simplesmente cristã protestante.
mas há também o contrário. há quem não perceba que quanto mais se quer obstruir mais força se dá a quem a não tem. não entendo a atitude do presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo. a tourada fez-se. o senhor perdeu em tribunal a providência cautelar para evitar a realização da coisa. foi desautorizado. fez-se acompanhar de defensores dos "direitos dos animais", causa demasiado recente e politicamente correta para ter algo que ver com não se gostar de touradas. por razões culturais, a tourada não vingará em Viana. mas o presidente escusava bem de ter extremado os campos. e dar importância ao que a não tem. queira deus que não tenha contribuído para chamar clientes para o infeliz evento e atrasar o natural esquecimento e morte deste tipo de ideias peregrinas.


2- eu não sei se a tourada é uma crueldade ou não. não sei, sendo crueldade, que sentido tem onde acharem que o tem. não vou por aí. é que, por exemplo, não sei que lugar ocupa essa possível crueldade no ranking das crueldades do mundo contemporâneo. sei é que é absurdo fazer uma coisa onde ninguém tem apetência para a fazer.
                                             

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

filhos da puta

"eles" sabe-na toda: liberalizar, liberalizar, liberalizar.

- valores? o que são valores?
- honestidade? o que é a honestidade?
- justiça? o que é a justiça?
- pobreza? o que é a pobreza?
- moral? o que é a moral?
- redistribuição? o que é a redistribuição?
- verdade? o que é a verdade?


verdade, honestidade, justiça, moral, pobreza e riqueza, tudo isso são papões com que nos querem impedir de fazer o que quisermos. de sermos o mais filhos da puta que conseguirmos ser. para nos obrigar a sustentar os que não conseguem ser suficientemente filhos da puta.
todas as coisas são bens transacionáveis. até a tua alma. tudo o que tu tens podes vender. tudo o que tu venderes posso comprar.


assim pensam eles...

pensões, cortes e a pouca-vergonha

além das vergonhosas exceções ao corte das pensões de aposentadoria ("reforma"), que abrangem cirurgicamente deputados, juizes, militares, magistrados e agora também trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos, assiste-se a esta pouca-vergonha de, com os cortes e exceções aos cortes, o Presidente da República passar a ganhar menos que a Presidente da Assembleia da República (Parlamento). não me refiro especificamente à pessoa mas ao cargo. há que salvaguardar a dignidade das instituições, esteja lá quem estiver. se o que agora está a acontecer se deve ao fecundo, inteligente e correto exercício do mandato por parte do seu atual ocupante é que eu não sei. mas por algo há de ser. tenho pena, porque é bem feito.
ah, antes que me passe da ideia: cirurgia por cirurgia, esqueceram-se de excecionar os pastores protestantes, os padres, os bispos e os cardeais católicos. esquecimento perigoso. atenção às homilias.

nota final:
sou contra todos os cortes das pensões, dos que são agora excecionados e dos que não são. mas quase me atrevia a dizer que o critério devia ser o inverso: pelo valor das reformas que auferem, e pelo que contribuiram para as ter, deveriam ser eles os cortados e não nós, deveríamos ser nós as exceções e não eles. se isto tivesse alguma justiça ou ponta por onde se lhe pegue. ah, pois, justiça...