sexta-feira, 27 de junho de 2014

in dubio pro mulieribus

passei uma boa parte da tarde de hoje em conversa com o advogado de um paciente meu. 
um advogado sénior, simpático, sensível e decididamente muito interessado pelo seu cliente. 
trata-se de um daqueles casos tenebrosos de regulação do poder dito "paternal", após um divórcio conflitual. e da intervenção de uma interminável panóplia de técnicos e pareceres, nem sempre isentos, nem sempre imparciais. 
a páginas tantas do processo, o pai (neste caso o meu paciente e cliente do advogado) é impedido de contactar o filho, não pode estar com ele vai para dois anos. 
no processo adensam-se as "provas" e "reprovas" contra as más "vibrações" que a presença do pai provoca junto do filho. 
filho que, no dizer do pai, acaba por ser um "órfão de pai vivo". 
o pai sofre visivelmente. sofre. extremamente ansioso, deprimido, mas obstinado em conseguir voltar ao contacto com o filho. 
quer simplesmente ser pai. mas as coisas estão longe de ser fáceis. a mãe opõe-se. 
e a cultura jurídica portuguesa não o favorece. 
a mãe não quer e pronto. 
in dubio pro mulieribus. 
amen.



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