é verdade que hoje está tudo pior que ontem. mas, em compensação, está tudo hoje bem melhor do que amanhã. é preciso manter o otimismo e a confiança no presente. e sobretudo muita confiança no passado.
sexta-feira, 14 de junho de 2013
terça-feira, 11 de junho de 2013
o país dos 600 euros ou menos
de repente, Portugal tornou-se um país exclusivo para quem recebe menos de 600 euros por mês. eles não têm cortes, não pagam impostos, não pagam taxas moderadoras, nada. ninguém lhes toca. claro, tudo bem, tudo aparentemente justo. mas o problema é que um país assim é um país perigoso. porque quem recebe menos de 600 euros por mês por alguma razão não recebe mais. e são esses que fazem facilmente maiorias governativas. está tudo pensado...
discurso sobre as lamentações e o otimismo
há uma parte das lamentações que é pura lucidez. e há uma parte do otimismo que é pura alienação. depende do caso.
sábado, 8 de junho de 2013
o lar
um vetusto e venerável "lar da terceira idade". vejo-os, os velhos ("idosos", como lhe chamam), entregues, total e passivamente, aos cuidados de terceiros. não vão para a rua, como as pessoas propriamente ditas. não vão às compras, como as pessoas normais, não vão, simplesmente, passear à vontade pelas ruas, como eu. nem sequer estão doentes como os doentes que a gente conhece. estão ali.
não têm amigos, são todos amigos à força. não têm família, a família deles é aquela coisa. hesito em compreender onde estou: numa cadeia, num hospital, num convento de clausura. num manicómio. qualquer das hipóteses serve. a porta está fechada, há um aparato clínico e um ritmo litúrgico. há um claustro central. quem lá está vai à missa, reza o terço, encomenda-se a deus e aos santos, para um agora-nunca-e-sempre e para uma hora cada vez mais próxima. confessam os seus crimes, as suas maleitas, o seu diagnóstico: 70, 75, 80, 93 anos de idade. encolhem os ombros e sorriem. aguardam o dia da execução da sentença. não há recurso.
e, sobretudo, fazem o que lhes mandam.
sexta-feira, 7 de junho de 2013
metafísica
o conhecimento do conhecimento
é um quadrado
com um conhecimento de lado
e o conhecimento desse conhecimento
é um cubo
por onde teimosamente subo
acontece que chego a meio
e caio
catrapum em cheio
desmaio
mas quando acordo insisto
não resisto.
é um quadrado
com um conhecimento de lado
e o conhecimento desse conhecimento
é um cubo
por onde teimosamente subo
acontece que chego a meio
e caio
catrapum em cheio
desmaio
mas quando acordo insisto
não resisto.
quinta-feira, 6 de junho de 2013
lamentação em dó sustenido
tenho mais sonhos
do que é permitido por lei
de jeito que passo a vida
a pagar multas
por sonhar demais
não são sonhos desses
são destes
que fazem de mim um sonhador
do que é permitido por lei
de jeito que passo a vida
a pagar multas
por sonhar demais
não são sonhos desses
são destes
que fazem de mim um sonhador
lamentação em dó menor
às vezes apetece-me dizer não
mas é tão inútil dizer não
as coisas acontecem na mesma
ou desacontecem se tiver que ser
que em vez de dizer não
vou aprender a nadar
eu já sei nadar
mas é que aprendi a nadar
num rio mau
e ganhei medo da água
de jeito que nem sim, nem nim, nem não
dlão, dlão.
mas é tão inútil dizer não
as coisas acontecem na mesma
ou desacontecem se tiver que ser
que em vez de dizer não
vou aprender a nadar
eu já sei nadar
mas é que aprendi a nadar
num rio mau
e ganhei medo da água
de jeito que nem sim, nem nim, nem não
dlão, dlão.
Subscrever:
Mensagens (Atom)