vejamos: entra no elevador e clica no número do andar para onde pretende ir.
o elevador sobe normalmente.
de súbito, o número do andar pretendido é substituído por dois traços: "- -".
tenta sair.
a porta está fechada e recusa abrir-se. toca no botão de alarme. ninguém responde. toca continuamente. ninguém responde. volta a tocar repetidamente. e ninguém responde. tenta ligar a alguém que o venha ajudar. tenta também os telefones papacontas do serviço de "apoio ao cliente". o telefone celular não tem rede em nenhum dos dois SIM.
volta a tocar o alarme o mais tempo possível, a ver se na rua, ali a 30 metros, alguém ouve. tem de sair urgentemente porque tem um compromisso que não espera. ninguém ouve. o ar da cabine parece quente e ralo. bate com força na porta do elevador, talvez o barulho chame alguém.
passada meia hora, ouve vozes. alguém lhe fala. sabe que já não está sozinho, mas continua fechado, abafado, ansioso.
descobre que a porta se pode abrir levantando um cravelho com alguma força. não sabe se vai apanhar um choque, mas vale a pena correr o risco. o cravelho levantou-se. conseguiu abrir a porta. verifica que está muito acima de um andar e tem um grande salto para fazer. há um buraco medonho no poço do elevador, por onde pode cair se algo correr mal. e era uma vez.
põem-lhe uma cadeira por baixo, no andar respetivo, mas ainda faltam 50 cm para lá chegar com os pés. é perigoso, mas tem que ser. as mãos amigas, que desconhecia amigas, amparam-lhe a descida de forma a sair o mais em segurança possível. finalmente sai. corre tudo bem.
sabem, deve haver poucas coisas que se comparem ao sentimento de alívio depois de liberto da situação de sequestro. hoje nem sequer era um dos meus melhores dias, mas agora sinto-me tremendamente feliz.
obrigado, elevador de merda!
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