bom, falemos de deus.
para mim, deus e o universo são uma e a mesma coisa, aquilo a que chamamos bem e aquilo a que chamamos mal, os predadores e as presas, o dia e a noite, o ferro e a água, o arquiteto e o demolidor. o que está certo e o que está errado, o paraíso e o inferno, o bom e o mau tempo, a estabilidade biológica e as pragas.
deus, esse tal que só não se criou a si mesmo porque não foi preciso: sempre existiu e sempre existirá, numa forma ou noutra, antes e depois do nosso Big Bang.
e digo "nosso", porque bem de certo houve outros e haverá outros depois, noutros tempos, noutras bandas, noutras dimensões.
um deus tão diverso e tão contraditório que egípcios, gregos, romanos, indianos e muitos outros o dividiam, ou dividem ainda, por centenas de personagens, masculinas e femininas, cada qual com seu feitio e artes.
judeus, cristãos e muçulmanos dividem-no em dois: o propriamente dito e o diabo. por sinal ambos masculinos. por sinal, um impassível, mono, quieto, imobilista, misericordioso e pai; o outro traquina, desobediente, experimentalista, quiçá o mau filho.
um observa candidamente, o outro faz.
deus é o Universo, o Verbo, isto é, deus é uma palavra.
(talvez continue...)