começa a entrevista chorando. as lágrimas caem-lhe aos borbotões pela cara abaixo.
deprimida de longa data, a quem têm sido prescritas sucessivas levas de antidepressivos, desenvolveu uma fobia aos lugares fechados. a claustrofobia manifesta-se, em elevadores, teleféricos, túneis, aparelhos de tomografia e lugares afins, por uma crise violenta de ansiedade: fica sem ar, o coração dispara para 160 pulsações por minuto, muitas vezes perde os sentidos.
sentada na cadeira que lhe é reservada, prescruta em pormenor o gabinete em busca de um sinal de contacto com o exterior. descobre uma janela elevada e faz menção de dizer: - "já estou mais descansada, sempre há uma janela para ver a luz do dia..."
no decurso da entrevista vou construindo o pretexto para lhe indagar da eventual ocorrência de ideias de suicídio.
percebe logo onde eu quero chegar e não perde tempo a responder:
-"morrer? tenho uma fobia horrível à morte. só de pensar que vou ficar debaixo da terra, sem espaço para me mexer e respirar, fico logo abafada! morrer? nem pensar!"
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