Lisboa. molhado como um pitinho. vou ao Multibanco. uma
velhinha, de gabardine branca aborda-me:
- senhora...
- (não respondo)
- ah, é homem...
defensivo, respondo:
- sim...
- sabe, eu não vejo, tenho glaucoma...
- (não respondo)
- sou professora, trabalhei na Emissora Nacional, estou aqui hospedada numa residencial, e se não lhes der 10 euros até ao meio dia põem-me na rua. ajude-me por favor...
chove. pareço mais um peru molhado. não tenho tempo para hermenêuticas. aceito a estória. dou-lhe dois euros, a única moeda que tinha.
- ponha-me aqui na mão, não vejo... quanto me dá?
- dois euros.
- muito obrigada...
- senhora...
- (não respondo)
- ah, é homem...
defensivo, respondo:
- sim...
- sabe, eu não vejo, tenho glaucoma...
- (não respondo)
- sou professora, trabalhei na Emissora Nacional, estou aqui hospedada numa residencial, e se não lhes der 10 euros até ao meio dia põem-me na rua. ajude-me por favor...
chove. pareço mais um peru molhado. não tenho tempo para hermenêuticas. aceito a estória. dou-lhe dois euros, a única moeda que tinha.
- ponha-me aqui na mão, não vejo... quanto me dá?
- dois euros.
- muito obrigada...
- vá com deus...
e assim engoli a estória da ceguinha que não vê nada exceto o sítio do Multibanco.
posso ter errado na probinha certa, mas acho que sempre capitalizei qualquer coisa para desconto dos meus pecados...
e assim engoli a estória da ceguinha que não vê nada exceto o sítio do Multibanco.
posso ter errado na probinha certa, mas acho que sempre capitalizei qualquer coisa para desconto dos meus pecados...
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