numa era marcada pela liberdade sexual, os escândalos sexuais sucedem-se a um ritmo vertiginoso. e quase sempre se caraterizam por bruscas descidas do pedestal da fama, da importância política, do poder pessoal. atingem pessoas muito ricas, muito importantes, muito influentes ou em ascensão, e organizações ou instituições com poder regulador ou normativo. são muito pouco vulgares os escândalos sexuais de gente pobre ou pouco importante ou de organizações, associações ou clubes de bairro. um escândalo sexual faz mais estragos que toda a panóplia de argumentos racionais. um escândalo sexual, habitualmente exagerado e carregado de má fé, faz mais estragos do que todo o bem que façam ou tenham feito as pessoas ou instituições ou organizações envolvidas. faz mais estragos que um tiro na cabeça ou que uma bomba na sede. destroi a vida interna, corroi a credibilidade, destroi a existência.
sei da história de um jovem padre zeloso, honesto e cumpridor, que foi assediado sucessivamente sem êxito para que fizesse ou permitisse fazer coisas que o cânone e a sua consciência o impediam de fazer ou de deixar fazer. a vingança não se fez esperar. mas pode não ser um padre, pode bem ser um professor, um médico, ou até um pai e um avô.
e na verdade, a maior parte dos escândalos sexuais nem sequer são escândalos. são vinganças, armadilhas, alegações falsas, jogos de aparências. e quando, ainda assim, correspondem a qualquer facto, as mais das vezes são factos e práticas da esfera da liberdade sexual comum.
numa era marcada por essa mesma liberdade sexual, os escândalos sucedem-se a um ritmo vertiginoso. e eu já não consigo aturar a hipocrisia dos novos moralistas.
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